Avaliação em modelo animal da atividade cicatrizante de gel contendo extrato total seco de casca de romã à 2,5% p/p.

Nome: DAIANA FREITAS FERREIRA

Data de publicação: 30/11/2022

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
JANAINA CECILIA OLIVEIRA VILLANOVA KONISHI Orientador

Resumo: Entre as inúmeras plantas medicinais de interesse para a obtenção de derivadosvegetais e fitoterápicos, se destaca a romãzeira (Punica granatum Linn). Extratos das cascas da romã obtidos em solventes polares são ricos em compostos fenólicos, como taninos hidrolisáveis, antocianinas e flavonoides, que possuem ação antimicrobiana e cicatrizante. O objetivo do presente trabalho foi, obter e caracterizar um extrato bruto seco das cascas de romã (EBSCR) e, pesquisar a eficácia cicatrizante in vivo de um gel de carbômero contendo o EBSCR. Após obtenção do EBSCR por percolação em álcool etílico hidratado, rotaevaporação e liofilização, o rendimento do processo foi calculado e o material seco foi submetido a ensaios para determinação do pH, umidade residual (UR%), teor de fenóis totais (FT) e determinação da atividade antioxidante total (AAT). A citotoxicidade do extrato sobre linhagens de fibroblastos murinos pelo método do MTT e a hemocompatibilidade foram pesquisadas in vitro. Para a realização dos estudos in vivo, foi utilizado gel de carbômero a 1% p/p, no qual o extrato foi incorporado a 2,5% p/p. Preliminarmente, foi submetida proposta ao Comitê de Experimentação em Animais (CEUA) da UFES, com aprovação sob o protocolo número 012/2020. Para os ensaios, foram utilizados ratos da espécie Rattus norvegicus (linhagem Wistar; machos; adultos), nos quais feridas induzidas cirurgicamente foram tratadas diariamente com 500 mg do gel. Os animais foram divididos em quatro grupos: Grupo1 - animais não tratados; Grupo 2 - animais tratados com pomada contendo sulfadiazina de prata a 1% p/p; Grupo 3 - animais tratados com gel base; e, Grupo 4 - animais tratados com gel com EBSCR a 2,5% p/p. Durante 21 dias, o aspecto das feridas foi avaliado e foram calculados nos dias 7,14 e 21 dias, o índice de contraçãode úlcera (ICU) e a porcentagem da área de fechamento da lesão (AL%). Finalmente, foram realizadas avaliações histopatológicas para determinação dos parâmetros: formação de crosta, reepitelização, proliferação vascular, infiltrado inflamatório (células mononucleares, polimorfonucleares e gigantes multinucleadas), proliferação fibroblástica e colagenização, em amostras de tecidos coletadas nos dias 7, 14 e 21 dias. O rendimento final do extrato foi de 9,98% quando calculado a partir do material vegetal coletado e, de 44,9%, quando calculado com relação à droga vegetal. O valor da UR% após liofilização foi de 7,27% (± 1,49%) e o pH de uma solução do EBSCR solubilizado em água a 10% p/v foi 3,48 (± 0,09). O teor de FT determinado pelo método de Folin-Ciocalteou foi de 60,54 mg.EAG.g -1 e a AAT foi 90,11% para a solução do extrato (40 µg.mL-1), comparada comuma solução de BHT na mesma concentração. No que diz respeito aos ensaios biológicos, observou-se que exposição de fibroblastos murinos L929 ao extrato, em concentrações entre 1 e 100 g.mL-1, não causou citotoxicidade. Os valores do índice de hemólise calculado para o extrato nas mesmas concentrações variaram entre 1 (± 0,103%) e 2 (± 0,153%). O estado nutricional dos animais foram que todos os animais ganharam peso denotando que os cuidados contribuíram para o desenvolvimento dos animais, não havendo deficiência nutricional, uma vez que essa pode interferir na cicatrização. Nos ensaios in vivo, a observação das feridas mostrou que houve fechamento progressivo destas ao longo do tempo, com ausência de necrose ou secreção, exceto nos animais tratados com a pomada de sulfadiazina de prata a 1% p/p, cujas lesões apresentaram aspecto úmido, indicativo de maceração e ausência de pelos no centro. A análise dos resultados dos índices de cicatrização de úlceras e do fechamento da área das lesões mostrou que não houve diferença significativa entre os mesmos ao fim de 21 dias, com valores próximos de 1 e 90%, respectivamente. Na análise histológicas, ao fim de 14 dias, a modulação da inflamação e a observação de menor proporção de infiltrados polimorfonucleares foi observada nos animais que não receberam tratamento e naqueles tratados com gel de romã. Ao final de 21 dias, foi observada maior reepitelização nos animais tratados com o gel de romã e proliferação vascular aumentada nos animais tratados com a pomada de sulfadiazina de prata. Já a maior proliferação fibroblástica foi notada nos animais tratados com gel base. A partir da análise dos resultados, é possível concluir que o gel pode ser considerado uma alternativa promissora, uma vez que há relatos de toxicidade causada pela administração da sulfadiazina de prata em feridas profundas, de grande extensão ou durante períodos prolongados. Ainda, é atribuída menor toxicidade e maior segurança para uso dos compostos bioativos oriundos de plantas medicinais quando comparados a insumos ativos sintéticos.

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